sexta-feira, 27 de agosto de 2010

"Comédia para se ler no computador" ou "Quase plagiando L. F. Verissimo" ou ainda "O tiozinho tarado"

Em homenagem a Mari que me deu a ideia.

Nosso primeiro contato foi em um dia muito do tedioso, ele pediu-me que o ajudasse a procurar um emprego, tudo bem, é um tiozinho respeitoso e desempregado em busca de ajuda e como eu não tinha absolutamente nada para fazer, ou seja, estava morrendo de tédio (já até estava vendo o Dr. House vindo examinar meu cadáver, ele diria: "Ela deve ter morrido de uma doença auto-imune, talvez Lupus. Espere! Veja como estão os olhos dela, sim, sim, esses olhos esbugalhados só querem dizer uma coisa, essa coitada morreu de tédio", mas, voltando ao assunto). Eu o ajudei e como não é fácil, é lógico que ele não conseguiu nenhum emprego naquele dia.
Percebi que o tiozinho voltava, agora, todos os dias e veja bem, ele era uma pessoa normal (diria até que feio pra caramba!), nunca que eu imaginaria algo excuso. Enfim, ele vinha todos os dias e eu na minha inocência pensava: Nossa, que legal, a esposa (sim, ele era casado, dava pra ver a aliança) deve sentir orgulho dessa empolgação em querer um emprego. Ledo engano, a empolgação era por outra coisa, que logo, logo eu descobriria.
Um dia (sim, de tédio mortal), levantei do nada e me prostrei atrás do indivíduo, juro que não foi por querer, juro. Mas, acontece que assim que cheguei perto do tiozinho, ele fechou as janelas que estava vendo. Hum, muito suspeito, pensei eu. Resolvi ficar de olho.
Depois desse espisódio, percebi que ele sempre me olhava de esgelha. (Sabe quando você está fazendo algo errado e fica olhando em volta para ver se alguém está percebendo? Ah, você nunca fez nada errado, tá! Meu nome é Bozo). O mistério foi ficando cada vez mais misterioso (?).
Então, numa bela terça feira eu o solucionei (tá, não foi bem eu, mas tá valendo). Estava eu, linda e fofa no orkut trabalhando, quando chega uma senhora e o que mais me impressionou, sorrateira, sem fazer barulho, como se não quisesse se percebida, estranho. Observei com mais atenção, vai que era uma terrorista árabe querendo nos matar a todos? (Se bem que pelo tipo físico estava mais para nazista da Segunda Guerra Mundial, mas, não vou julgar, cada um escolhe o ditador preferido para seguir). Enfim, ela chegou quieta, passou por mim e parou atrás do tiozinho, que nesse momento estava concentradíssimo nas suas páginas de pornografia? emprego. Tão concentrado que nem reparou na mulher atrás de si.
Ela aproximou-se mais, tocou no ombro dele e cochichou umas palavras em seu ouvido. Droga! Quero ser um mosquito! Ele assustou-se (e essa parte me faz rir até agora), olhou para trás e pateticamente tentou fechar as páginas de seu computador. Não que tenha adiantado, ela já estava observando-o a um tempo e já tinha visto tudo o que tinha para ver. Ela cochichou mais alguma coisa em seu ouvido e (pasmem) veio falar comigo. Juro que pensei em correr. Vai que ela achasse que a culpa era minha, que por trabalhar aqui eu que deixava o seu marido (como fui descobrir depois) ver pornografia (e só para vocês saberem é proibido acessar pornografia aqui, mas como eu nunca tinha pegado o senhor com a boca na botija, não podia fazer muita coisa), fiquei com medo.
Mas, nada disso, ela só veio conversar comigo, acho que queria desabafar e ao mesmo tempo falar para todo mundo que estava junto a verdade sobre o indivíduo.
Ela me disse que trabalhava o dia todo, o sustentava e ele dizia que ficava aqui todo dia procurando um emprego. Que ele era um vagabundo, que se fazia passar por (pasmem de novo) Pastor de igreja evangélica para dar em cima das mocinhas casadoiras que entravam em um bate papo evangélico (sim, isso existe, eu vi com meus próprios olhos). Imagina a cena: ele entra no bate papo evangélico, coloca um nick do tipo "pastor gostosão" e xaveca as mocinhas (que de inocentes não devem ter nada, visto que aceitam xaveco de um tio chamado "Pastor gostosão") dizendo: "E aí, de que igreja você é? Você usa saia comprida? E por baixo dela o que usa?" Mais tosco impossível.
A esposa disse que de evangélico ele não tem nada, só de trambiqueiro mesmo, que estava cansada, queria dar um pé nele e tal. Ela saiu arrasada (se bem que eu acho que deveria ser aliviada porque, obviamente ela super conseguirua algo muito melhor - ele era feio de verdade) e vocês acreditam que o tiozinho não foi correndo atrás dela? Não! Ele ficou no computador. Meu Deus! Como pode?
Depois do episódio ele ainda veio uns dois dias, continuava no bate papo (agora eu estava esperta e já conseguia até ler um pouco das conversas: "E aí gatinha, você acha que o valor do dízimo está muito alto?"). Pensei que a esposa tinha-o botado para fora de casa e ele estava se consolando (super!).
Até que em um belo dia (uns dois dias depois) eis que o tiozinho não veio. Hum, estranho. Já se passaram cinco dias e ele não voltou (não, eu não estou com saudade!), presumo que a coitada esposa o tenha aceitado de volta e sua vida de pastor tenha acabado. Mas isso é só presunção.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cores


Minha cor favorita não é mais azul. Agora eu gosto de verde. Sei lá porque, talvez seja o meu espírito palmerense aflorando, ou talvez tenha simplesmente cansado da cor e queria mudar.
Eu mudei muito desde quando escolhi o azul, lembro que tinha uns 14/15 anos e ia redecorar o quarto, daí decidi que seria azul. Por que? Porque eu era rebelde, não queria nada rosa como todas as outras meninas e também (admito) que gostava do azul, é uma cor linda, das mais lindas que existem.
De lá pra cá muita coisa aconteceu, eu era a menina do papel de seda que ficou forte e mudou, eu mudei e muito. Isso as vezes me deixa triste, o passado, por mais que tenha sido ruim nos deixa com saudade, porque será? Não sei, só sei que eu sinto saudade de gostar de azul.
Hoje a vida é verde, as escolhas são verdes e eu já não posso voar no céu porque escolhi outra cor, escolhi ficar com os pés no chão, na grama, verde.
Hoje caminho pelas montanhas que só existem em meu pensamento e olho o céu. Dá saudade. Mas eu olho para baixo, abro um sorriso e repito: "Agora eu gosto de verde".

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A menina e o pássaro

Era uma vez uma menina de tranças que adorava passarinhos, mais do que isso, ela adorava o "seu" passarinho.
Ele era tão lindo, com suas cores fortes, de um tom de azul que ela nunca tinha visto igual. E como cantava! Todo dia, de manhã, a menina acordava com o canto do seu pássaro, como que dando um bom dia, como que saudando o dia da maneira mais delicada que existia.
A menina sentia-se feliz assim, dava amor ao pássaro e era retribuida com o canto mais lindo.
O tempo passava e ela percebia que seu bichinho já não era o mesmo, ele não cantava mais, parecia triste, parecia que o mundo dentro da gaiola e perto da menina não mais o satisfazia.
O pássaro, ela não sabia, sentia-se cansado, queria ganhar os ares, sentir o vento em suas penas e por mais que amasse a menina, achava que já estava na hora de partir.
Um dia, a menina, percebendo a intenção do pássaro, pediu uma última música e ele a cantou, lindamente, mais linda que nunca.
Ela chorou e disse baixinho: "Obrigada passarinho, você me fez muito feliz, eu vou sentir sua falta".
Ela abriu a gaiola e o pássaro saiu, voou até a janela e olhou para a menina. Ela sorriu.
O pássaro voou para o céu azul e como foi bom! Ele estava bem agora.





Voa avôzinho, você está bem agora.
+01-08-2010