segunda-feira, 16 de março de 2009

Um pouco de jazz e hipocrisia

Sentamos-nos no bar e pedi um Stenheiger, Mercedes falava e falava e falava na minha orelha, mas eu nem escutava, meu cérebro e meus ouvidos estavam atentos ao jazz que uma banda tocava num canto do bar. Ela dizia que aquele meu jeito de artista atromentado já tinha saido de moda, que precisava parar de procurar paixão, loucura e quem sabe procurar um emprego no lugar disso, que eu precisava crescer e blá blá blá, toda aquela ladainha de namorada que chega a uma certa idade e quer casar (percebo agora que toda mulher quer casar e ter filhos, o mundo pode mudar, mas sempre será assim, como uma predisposição natural a procriar e se eu acredita-se em Deus, poderia até dizer que ele realmente faz tudo certo, mas não acredito), enfim, ela falava sem parar eu eu lá bebericando e fingindo ouvir o que na verdade não me importava.
O jazz dava notas altas e aquilo me satisfazia, como a bebida e aquele bar escuro me satisfaziam no momento, não me preocupava em trabalhar, ter dinheiro ou filhos, eu queria ficar para sempre em um bar ouvindo o jazz que Miles tocava pra mim e tomando algo tão forte que quase fazia meu cerébro entrar numa semi inconsciência gostosa, daquelas que se arrependerá no dia seguinte, mas não tanto a ponto de desistir dela.
Mercedes continuava com a ladainha e sonhando com uma vida que cada vez se distanciava da que eu procurava, me dava vontade de levantar e gritar: "deixe-me ser um vagabundo! Deixe-me ser atormentado! Não preciso de dinheiro eu só quero jazz, poderia viver só de jazz. Ele seria minha comida, minha bebida e minha companhia. Não preciso de você, deixe-me em paz!"
Lógico que não o fiz, simplesmente continuei sentado na minha semi inconsciência, fingindo que ouvia uma coisa que odiava enquanto fingia que esquecia o que realmente era, a vida é assim não? Feita de fingimentos e hipocrisias. Que seja, vivo de acordo com o que querem de mim e enquanto isso me satisfaço com Miles, John, Steve e meu Stenheiger. 

4 comentários:

  1. HAHAAHHAA Te peguei ^^."atromentado" seria atormentado? rsrsrs... No que diz a vida, Mercedes dita o que a sociedade nos impoem. Enquanto a pessoa do Stenheiger, queria buscar a paz, felicidade, amor. mesmo que seja no Jazz, no Funk, na paixão ou na loucura em qualquer coisa.

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  2. Se mata né Jonas! Eu ia editar o texto, mas aí ia apagar seu comentário, deixei assim mesmo... =P

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. CARA ADOREI ESSE TEXTO,,,
    SOU UM FANATICO POR JAZZ E BLUES TBM....

    MUITO BOM ESSE TEXTO.

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