sexta-feira, 23 de abril de 2010

Eu não sou flor


Sabe quando você sente que algo murchou? Eu não consigo encontrar palavra que defina melhor o que está acontecendo...
Paciência me falam. Vai passar outros dizem. E, até, é frescura.
Se olha no espelho, o que você vê? Eu vejo, vejo e não consigo encontrar n-a-d-a.
Está vazio.
Murchou e eu nem vi. Ou talvez tenha visto, mas fingi que não era comigo. Vamos beber, eu dizia. Beber é bom, nos faz esquecer. É, até o dia em que você não aguenta mais beber. Outro sintoma de que tudo murchou.
Eu deveria o que? Qual é o contrário de murcho? Eu não sou flor, nem quero ser. A vida não devia murchar diante dos meus olhos, eu não devia murchar diante dos olhos alheios.
Principalmente daqueles olhos tão adorados. Olhos cor de café fraco, quase chá. Olhos que não consigo mais encarar, pois não quero que vejam o que eu vejo, não quero que olhem para o vazio.
Cansei de ser estações do ano.

Um comentário:

  1. Beber é sempre uma boa saída, mas como você disse, não pode ser rotineira. Às vezes a gente só murcha, mas sempre tem alguém que vê a gente florecer... E tem também aqueles que nunca nos veem murchar. Os que nos viram murchar que se danem!

    (ótimo texto, como sempre)

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