Eu me lembro, de que, quando era criança, em minha escola
tinha um balanço de pneu pendurado em um Ipê Roxo. O balanço ia muito, muito
alto.
Lembro-me que meu irmão, que também estudava nessa mesma
escola, nunca foi no balanço. Eu, sempre que tinha oportunidade, estava
pendurada nele.
Aquilo me fascinava. O voar, a liberdade, o vento no rosto.
E eu me lembro que queria ir cada vez mais alto, eu sempre quis ir cada vez
mais alto, não só no balanço.
Eu nunca tive medo, de nada. Nunca tive medo de mudar, de
romper padrões, de começar e recomeçar se preciso fosse. Eu nunca fui medrosa.
Isso pode ser visto até como loucura, insensatez. Mas, o que é a vida sem um
pingo de loucura¿
A vida me levou por caminhos lindos enquanto eu não me
esquecia de que deveria voar cada vez mais alto.
Mas, um dia eu esqueci. E isso me paralisou. Congelou-me em
um dia de verão no meio de algumas montanhas e, depois desse dia, pouco vivi,
pouco voei, esqueci que não deveria ter medo. Eu virei uma pessoa medrosa.
Eu lá, sem conseguir me mover, de tanto que pedi algo que me
impulsionasse, de tanto que pedi algo que me ajudasse a lembrar da sensação de
voar, aconteceu-me o maior impulso de todos. Um que brotou em meu ventre, que
criou primeiro raízes, depois braços e pernas e um sexo e depois, um nome.
Elis. (Re)criou também, coragem.
E, falava baixinho em
meu ouvido, voa mamãe, voa alto que o céu ainda é seu, o céu é nosso.
E me devolveu as asas que eu tinha perdido.
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